sábado, 5 de março de 2011

Introdução Bíblica – Inspiração das Sagradas Escrituras - Síntese

Introdução Bíblica – Inspiração das Sagradas Escrituras - Síntese





Inspiração Bíblica: Definição, características e relações
Desde há muito tempo, as Sagradas Escrituras tem sido alvo de milhares de questionamentos a cerca de sua inspiração, bem como de sua validade e autoridade.
A grande pergunta que persiste ao longo dos séculos é: a bíblia é ou não é a Palavra de Deus?
Neste estudo iremos aprender como se deu a inspiração bíblica, bem como sua definição, característica e relações, veremos também algumas teorias e correntes de pensamentos teológicos a cerca do assunto.


Inspiração: Etimologia e Conceito
Inspiração vem da palavra grega theópneystos, que significa soprado por Deus.
Como conceito teológico, essa palavra diz respeito à intervenção divina no processo de transmissão escrita da vontade de Deus, conferindo aos textos sagrados o ar de sobrenaturalidade que lhes são peculiares.
É, portanto, o ato do Espírito Santo de usar o escritor sagrado, divinamente escolhido, para que este transcreva a mensagem do Senhor.


As características fundamentais da inspiração
Três características fundamentais são apresentadas como marca digital nos textos inspirados, são eles: a fonte divina, o ser humano como instrumento e a autoridade que repousa no texto original.

1 – Fonte divina
Deus é a fonte. A Bíblia tem como fonte Deus, é Ele que por intermédio dos patriarcas, profetas e discípulos, falou aos homens. Ele é a origem.

2 – O ser humano
Foi o canal de transmissão na qual Deus escolheu. Deus como ser supremo e ordeiro, respeitou o seu canal de transmissão, Ele não violentou a consciência do homem, mas considerou a experiência, sabedoria, vocabulário e estilo literário de cada escritor.


3 – A autoridade do texto
Se a fonte do texto é Deus, e se por intermédio dos escritores, homens inspirados pelo Espírito Santo, podemos concluir que o texto detém autoridade diante de questões doutrinárias e éticas, são aptas para conduzir o homem para um relacionamento digno com Deus.
O texto, portanto, detém a autoridade e não o escritor.


Inspiração e revelação
Inspiração e revelação são coisas distintas.
Inspirar quer dizer o ato de Deus conduzir o escritor para que este registre de maneira inerrante as verdades de Deus.
Revelar é o ato na qual Deus utiliza para se desvendar-se a Si mesmo diante dos homens através de sua Palavra escrita.


Inspiração e Iluminação
Inspiração e iluminação estão estritamente ligadas. Iluminação é a capacidade que Deus nos concede de entender e compreender Sua Palavra. Vale lembrar que este conceito está ligado a outras duas situações distintas dessa, veja uma delas:


1 – Percepção profunda da religiosidade de sua época, iluminação essa que dava condições para compreenderem o que Deus desejava que fosse escrito.


Inspiração e o propósito da revelação
“... que todos os homens se salvem, e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.” (I Tm 2.4).


Teorias que tentam divergir da inspiração das Sagradas Escrituras

Teoria da Acomodação
Acomodar o texto sagrado aos acontecimentos do dia a dia.


Teoria da Contradição
Essa teoria diz que a Bíblia não é inspirada, pois há nela afirmativas que se contradizem. Todavia, vemos que estes supostos erros são, em sua grande maioria, erros de interpretação.

Teoria da Ignorância
A Bíblia, em nenhum momento esconde a condição cultural e intelectual dos escritores sagrados.
Segundo os proponentes dessa teoria, a inspiração e a inerrância são um paradoxo.
Pois, se os escritores sagrados são, em sua maioria, iletrados, seria impossível redigirem textos isentos de erros.

Teoria do Conflito
Afirmam que, de um lado temos o Senhor Jesus, conhecedor profundo dos mistérios de Deus e magistralmente além do Seu tempo, e, do outro, os apóstolos e discípulos, mergulhados na ignorância e tendentes as errôneas tradições dos judeus.
Concluem, então que, os autores da Bíblia, à exceção de Jesus, não poderiam redigir textos isentos de erros, uma vez que eles estavam propensos aos mesmos.






Inspiração: particularidades e provas
Sabemos que os manuscritos que temos hoje são cópias de cópias, haja vista que os originais se perderam durante os séculos. Todavia os escribas – indivíduos que copiavam o texto dos originais – exerceram de forma séria e ortodoxa a execução das cópias.


Inspiração dos autógrafos e cópias
A descoberta dos manuscritos do mar morto é, indubitavelmente, uma prova cabal a cerca da confiabilidade das cópias das Sagradas Escrituras.
Em 1947, nas montanhas de Qumran, nas proximidades de Jericó, foram encontrados vários manuscritos que confirmam que as cópias atuais são de procedência confiável.
Para se ter uma noção, dos vários manuscritos encontrados ali, o livro de Isaías – encontrado por inteiro – é igual ao que temos hoje, contendo apenas 17 letras diferentes da nossa Bíblia atual. Sendo que essas 17 letras não influem no texto de um modo geral.


Fidelidade do conteúdo
Os copistas desenvolveram técnicas a fim de prezarem cada vez mais pela fidelidade do conteúdo dos originais. Contavam as palavras copiadas, as letras, objetivando a integridade das cópias. Entretanto, surgiram ao longo desses processos erros não intencionais.


Os erros de transcrição
Apesar do cuidado dos copistas, no decorrer do tempo foram surgindo erros nas copas.
São erros pontuais e não intencionais. Estes não prejudicam de modo grave o texto Sagrado. São eles resultados dos longos períodos de transcrição que tinham que fazer.
Exemplo: I Reis 4.26 e II Crônicas 9.25. Qual o verdadeiro 4 mil ou 40 mil?
O erro era proveniente de três motivos: primeiro, ilegibilidade de alguns textos devido ao tempo, palavras ortograficamente mal escritas ou distração dos copistas.


Mediante isso, podemos perguntar: as cópias também são inspiradas? A resposta é clara e objetiva. Não! A inspiração sobrenatural do Espírito Santo de Deus operou-se apenas nos originais. Ou seja, somente nos autógrafos que a inerrância é plena. As cópias dependem de sua fidelidade aos originais. Se a cópia for fiel ao texto original, então temos o que chamamos de inspiração reflexiva, ou seja, inspiração que é refletida pela fidelidade ao texto original – que é o inspirado autêntico.


A Bíblia e o testemunho de Si mesma
São chamadas de evidências internas, pois são evidências que estão dentro da Bíblia.
II Tm 3.16; II Pe 1.21.


Provas da inspiração Bíblica
As declarações que a própria Palavra faz de Si mesma é, inquestionavelmente, coesa.
Ambos os testamentos reivindicam a autoridade máxima. “Assim diz o Senhor”; “e disse Deus”; “os mandamentos de Deus”; “nas palavras que o Espírito ensina”.
As afirmações feitas por Jesus constituem-se também uma forte prova da inspiração e autoridade da Bíblia. Portanto, acreditar em Jesus e questionar a Bíblia é ilógico e inadmissível. Mateus 5.17 e 18.
A profecia Bíblica é, nos dias atuais, a maior arma dos defensores da Palavra de Deus. Pois esta se constitui uma grande base, haja vista a exatidão do cumprimento e a capacidade de prever o futuro. Concluímos então que devemos estudar a fundo as profecias.
Existem também as evidências externas, que são aquelas que buscam comprovar a autoridade bíblica nos meios mais diversos, como por exemplo, a arqueologia. Vários achados arqueológicos estão comprovando as Sagradas Escrituras
A História da Igreja também comprova a inspiração bíblica. Teólogos e filósofos do século I d.C. confiaram na inspiração da Palavra.

Inspiração do Antigo Testamento
Os profetas eram muitíssimos respeitados, como foram eles, em sua maioria que escreveram o Antigo Testamento, compreende-se que escreviam sob autoridade e inspiração do Espírito Santo. Essa é única explicação para os milagres que eles operavam por intermédio de Deus. Os ministérios desses profetas idôneos estavam e estão acima de qualquer dúvida.


Os profetas e a rede seqüencial redativa
Esses profetas escreviam como que fazendo parte de uma espécie de rede seqüencial redativa, ou seja, cada um deles dava continuidade à redação feita pelo seu antecessor imediato.


A inspiração do Novo Testamento
Acredita-se que a inspiração do Novo Testamento, esteja profundamente ligada a poderosa transformação no dia de Pentecostes. Pois, sob a graça do Espírito Santo, os autores escreveram aquilo que Deus gostaria que eles escrevessem.


A igreja e as evidências da inspiração do Novo Testamento
As comunidades cristãs primitivas encaravam os textos do Novo Testamento como sendo de plena inspiração e autoridade.


Os pais apostólicos e as evidências da inspiração do Novo Testamento
A maneira como os pais apostólicos encaravam e tratavam o texto também comprava a inspiração bíblica. E com o elo ininterrupto entre os apóstolos do Novo Testamento e outras gerações, tem-se uma grande base para essa aceitação.


Inspiração bíblica e as diversas teorias
Existem três grandes movimentos teológicos que versam sobre vários assuntos. São eles: o ortodoxo, o modernista ou liberal e o neo-ortodoxo.


O movimento ortodoxo
Teve início nos primórdios da igreja, surgiu para combater a oposição imposta pela religião judaica e os diversos movimentos heréticos.
Esse movimento defende que a Bíblia é a Palavra de Deus e plenamente inspirada. Sendo ela a fonte primordial para nossas vidas. Acreditam eles que a Bíblia é verdadeira e fiel a tudo quanto diz.
Período patrístico: quando a filosofia na Idade Média era desempenhada por padres que buscavam na filosofia meios de salvar almas pelo apelo da razão.
Período escolástico: Após a influência dos bárbaros na cultura do império Romano, Carlos Magno resolveu, em parceria com a Igreja Católica, contratar padres para lecionar matérias para resgatar a cultura novamente.

O movimento liberal ou modernista
Surgiu no século XVIII, mas ganhou força no século XIX. Com pressupostos anseios de modernizar algumas doutrinas obsoletas do movimento ortodoxo, o liberalismo teológico concretizou-se como uma grande praga. Alegando que a Bíblia não é plenamente inspirada, e que também não é a Palavra de Deus, mas há contem. Acreditavam que a Bíblia tinha muita influência dos mitos e lendas judaicas. Segundo esse movimento, a Bíblia só não contém erro nos assuntos ligados a salvação, entretanto, em outras partes “secundárias” elas contem erros.


O movimento neo-ortodoxo
O movimento neo-ortodoxo surgiu no século XX para rebater os erros do liberalismo, resgatar e impor mais severamente as doutrinas ortodoxas. São proponentes dessa corrente teológica Karl Barth, Rudolf Bultmann e etc..
Acreditam que a Bíblia é inspirada a partir do momento que o homem busca se aproximar de Deus.
Demitizante: teoria desenvolvida pelo teólogo existencialista Rudolf Bultmann, que diz que a Bíblia por conter muitas influências de mitos e lendas, devia ser demitizada, ou seja, deveria ser despojada desses equívocos para ser inspirada.
Encontro pessoal: teoria desenvolvida por Karl Barth, dizia que a Bíblia é a Palavra de Deus à medida que o leitor tenha um reencontro com o Sagrado, que está registrado na Bíblia.
* Existencialismo: doutrina que dá ênfase na existência do homem e não em sua essência. Prioriza os viver aqui e desfrutar bem, do que com questões metafísicas, ou seja, transcendentes, como por exemplo, a alma.

Falsas teorias a cerca da inspiração bíblica
Existem várias teorias que tentam explicar como se deu a inspiração das Sagradas Letras, vejamos algumas:

Teoria da inspiração natural
Ensina que a Bíblia foi escrita por homens dotados de gênio e força intelectuais especiais como Sócrates, Camões, Rui Barbosa. Esta teoria nega o sobrenatural de Deus.


Teoria da inspiração comum
Ensina que a inspiração é a mesma de hoje, que nos vem quando oramos, ensinamos e pregamos.
Essa teoria peca no sentido de equiparar a inspiração normal a inspiração bíblica. Pois, a inspiração que o Espírito nos concede hoje é dada conforme a medida de busca de cada crente, ao posso que a inspiração bíblica não admite essa inspiração gradual. A da Bíblia era temporária.


Teoria da inspiração parcial
Ensina que algumas partes da Bíblia são inspiradas outras não.


Teoria do ditado verbal
Ensina que a inspiração é somente quanto às palavras, ou seja, o escritor não tinha espaço para seu estilo. Essa teoria encara a inspiração como sendo um ato mecanizado, pois esta teoria faz com que os escritores fossem verdadeiras máquinas que escreveram sem qualquer noção.


Teoria da inspiração das idéias
Diz que Deus inspirou as idéias, mas não as palavras. Ora, o que é palavra senão a expressão do pensamento?! Ninguém pode separar idéia de pensamento. Estão intrinsecamente ligadas.


A teoria da inspiração plenária
Essa teoria baseia-se em dois fundamentos: a verbalidade e a totalidade.
Verbalidade no sentido de que é por pensamento e palavra.
Totalidade no sentido de que é em sua plenitude, de Gênesis a Apocalipse, em todas as páginas e em todos os assuntos. Encaramos essa teoria como a verdadeira.
Acreditamos que em todos os assuntos, sejam eles históricos, científicos, geográficos e etc. a Bíblia é a palavra certa e verdadeira.
Nessa teoria entendemos que a consciência de cada escritor foi preservada, bem como seus conhecimentos e estilo.
Essa teoria deixa clara que após a finalização do último livro da Bíblia, encerrou-se a inspiração sobrenatural, ou seja, nenhum escritor tornou-se super santo, compreende-se que após a inspiração sobrenatural eles voltaram a ser como eram antes, sujeito aos erros como todos os homens. Já mencionamos que a infalibilidade não se encontrava nos escritores, mas sim no texto.


Essa síntese, foi ministrada por mim na aula do curso teológico do IBAD, núcleo de Ituverava, sub-núcleo de Guará.

Weder F. Moreira

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