quarta-feira, 23 de março de 2011

Introdução Bíblica – Os Manuscritos, as traduções e as atuais questões bíblicas

Introdução Bíblica – Os Manuscritos, as traduções e as atuais questões bíblicas



Os manuscritos do Antigo Testamento

Tivemos oportunidade ver, ao longo das lições, que os escritos originais sagrados não mais existem (autógrafos), sabemos, portanto, que o que temos hoje é cópias de cópias. Todavia, essas cópias, chamadas de manuscritos, são de confiabilidade autêntica e veremos isso em capítulos posteriores.
As cópias começaram a surgir a partir do retorno judaico do cativeiro babilônico, em meados do século VI a.C. Diz a tradição rabínica que Esdras foi o grande organizador canônico do Antigo Testamento, a Bíblia Hebraica. Foi nesse período que surgiram as sinagogas. Devido à grande demanda de sinagogas e a necessidade de se ter em cada estabelecimento sinagogal uma Bíblia Hebraica, fez se necessária o surgimento de copistas para copiarem dos originais as Sagradas letras, a fim de transmitirem a mensagem divina a toda nação de Israel.


A idade dos manuscritos do Antigo Testamento
Existiam até 1947 pequenas quantidades de manuscritos do Antigo Testamento, sendo que as mais antigas datavam de 900 d.C, entretanto, em 1947, nas montanhas de Qumran, redondezas de Jericó foram descobertos o maior achado arqueológico da atualidade. Vários manuscritos de data antiguíssima, para se ter noção, o manuscrito mais antigo achado em Qumran é datado de mais de mil anos antes do mais velho que existia.


Avaliação de tempo de um manuscrito, critérios:
Análise da espécie de material empregado;
Estilo da escrita utilizada na redação;
Forma de pontuação;
Apresentação do Texto, e
Análise do carbono 14.


Estilo de escrita utilizada na redação de um manuscrito
Os manuscritos foram redigidos em duas maneiras distintas: a uncial e o cursivo.


Uncial – Utilizado em IX a.C., o estilo uncial (letra em caixa alta) refere-se a textos escritos em letra maiúscula, sem separação entre as palavras, sem pontuação e sem acentos gráficos.

Cursivo – Utilizado em X ao XV d.C., o estilo cursivo refere-se a textos escritos em letras minúsculas, com separação entre as palavras e as frases.

Forma de pontuação e apresentação de um manuscrito
O texto em hebraico, escrito somente com a utilização de consoantes e sem sinais gráficos e pontuação, levou muitos tivessem dificuldade na hora de copiar um texto original. Isto levou os massoretas, escribas piedosos que tinham por objetivo manter inalterados os textos sagrados, a inventarem um sistema de pontos vocálicos, ou seja, sinais que passaram a representar as vogais hebraicas. Inventaram também os parágrafos, acentuação gráfica, a vírgula, o ponto-e-vírgula, o ponto-final e o ponto-de-interrogação, isso em meados dos séculos VIU e X a.C.


Períodos de produção dos manuscritos do Antigo Testamento

Os manuscritos do AT foram produzidos em duas épocas distintas: a talmudista e a massorética.

Período Talmudista:
Talmude vem do hebraico e significa literalmente aprender, estudar, é uma coletânea de preceitos rabínicos, decisões legais e comentários a respeito da legislação mosaica.
Esse termo foi aplicado ao período 300 a 500 a.C., pois nesse período foram produzidos manuscritos que foram utilizados em todas as sinagogas desse tempo.
Os escribas que produziram esses manuscritos eram chamados de talmudista.


Procedimentos para produzir um manuscrito talmudista:
1º - Lavar todo o corpo antes de começar, trajado a rigor;
2º - Escrever em peles de animais não contaminados;
3º - Essas peles deveriam estar presas por barbantes;
4º - Esses manuscritos deveriam ser produzidos por um rabino judeu e deveria ser utilizado apenas na sinagoga;
5º - O manuscrito deveria ter um determinado número de colunas e também de linhas, +48 – que 60.
6º - Deveria traçar as linhas antes de começar e se as linhas não dessem essa cópia era descartada;
7º - Era escrito com tinta preta, de outra cópia autêntica que não pairassem dúvidas, e nenhuma letra poderia ser escrita de memória, só deveria copiar aquilo que estivesse diante de seus olhos;
8º - Os espaços deveriam ser obedecidos, ou seja, três linhas deviam ser deixadas entre um livro e outro, entre consoante distância de um fio de cabelo e entre capítulos distância de 12 consoantes.


Período Massorético:
Recebe esse nome por causa dos escribas massoretas.
É desse período que surge às cópias mais fiéis.


Procedimento para produzir um manuscrito massorético:
Contavam todos os versículos, palavras e letras de todo o AT. A lógica desse método é simples: se faltasse ou sobrassem letras da cópia produzida em comparação com a fonte, era descartada imediatamente.


Os manuscritos do Novo Testamento
A semelhança do AT, os manuscritos do NT foram produzidos por escribas, sendo que as únicas diferenças são: a quantidade cópias e a conservação.
Existem hoje cerca de quase 25 mil cópias do NT.
E ao contrário do podemos imaginar, as cópias do NT estão em piores estados se comparadas as AT.
Isso ocorre por fatores intrínsecos (fatores internos, material) e extrínsecos (fatores externos, danificações por contato a algo pernicioso).


Confiabilidade dos manuscritos
São confiáveis pelos seguintes motivos:
1- Quantidade de cópias disponíveis
2- Citações dos Pais da Igreja desses manuscritos
3- Proximidade dos manuscritos dos autógrafos (A diferença de tempo dos autógrafos para as primeiras produções das cópias são mínimas).


Principais manuscritos do Novo Testamento

Os manuscritos do NT foram redigidos em quatro períodos diferentes e distintos:
1º - Primeiros três séculos iniciais d.C.: boa qualidade dos manuscritos, todavia, destes restaram poucos;
2º - IV ao V séculos d.C.: Excelentes cópias e grandes quantidades;
3º - V ao VI séculos d.C.: Manuscritos nas mãos dos monges, qualidade duvidosa;
4º - Século X d.C.: Baixa qualidade.


Os manuscritos ou codex:

Codex Leningrandense
É um dos mais fiéis manuscritos do AT. Foi comparado com os manuscritos de Qumran e percebeu-se que é um dos melhores manuscritos. Foi um dos manuscritos utilizado por João Ferreira de Almeida na tradução do AT para o português.


Textus Receptus
Manuscrito do NT de relevância extrema e de confiabilidade ótima. Tem como base o manuscrito de Bezae. Foi um dos manuscritos utilizado por Jaó Ferreira de Almeida na tradução do NT para o português.

Codex Alexandrinus
Escrito em grego e datado do século V d.C.
Tem esse nome por causa de sua associação com essa cidade, antes de ir para o museu estava nas mãos do patriarca dessa cidade.


Codex Vaticanus
Datado do século IV d.C., esse manuscrito tem por base a septuaginta.


Codex Ephraemi Rescriptus
É um palimpsesto (pergaminho raspado), data do século V d.C.


Codex Bezae
Tem esse nome devido ao fato de ter pertencido a Teodoro Beza, sucessor de João Calvino. Datado do século V d.C.

Codex Sinaiticus
Achado por Tischendorf em 1844, no mosteiro de Santa Catarina ao pé do monte Sinai. Ao reparar em um cesto, percebeu que havia ali vários pergaminhos e pressupôs que eram preciosidades, quando os analisou ficou comprovada sua pressuposição. Esse manuscrito data do século IV d.C. Recebe esse nome pela sua localização.


Codex Washingtonianus
Data do século V d.C., contém os quatro evangelhos, algumas epístolas paulinas, hebreus e alguns livros do AT.


As principais traduções
A Bíblia é livro mais traduzido no mundo.
As traduções das Sagradas Letras são de relevância extrema, pois contribuíram para:
Disponibilizar a mensagem divina a todos os povos; auxiliar na tarefa de evangelização e ajudar na unificação de certo idiomas, exemplo o alemão.
A tradução pode ser de duas maneiras: livre ou literal.

Livre – É a tradução mais popular, onde não é necessário ao leitor buscar o significado original da palavra. Nesta tradução o tradutor preocupa-se em transmitir as idéias das palavras do autor e não o sentido das palavras literais.


Literal – É a tradução mais requintada, onde o leitor necessita conhecer o significado dos vocábulos das palavras originais; neste tipo de tradução o tradutor preocupa-se em transmitir a seqüência exata disposta no texto original. Esta tradução faz com que o leitor, mesmo não conhecendo as línguas originais do texto autógrafos, esteja diante do texto próximo do original.


Traduções conhecidas


Septuaginta
Termo proveniente do latim e significa setenta.
Segundo informações históricas da ‘Carta de Aristeas’, Ptolomeu IV, Filadelfo, rei do Egito, quis reunir os principais livros do mundo em sua biblioteca. Ele então chama Demétrio, encarregado disto, e o solicitou para que desse início a este empreendimento.
Demétrio havia pesquisado sobre um livro muito famoso utilizado pelos judeus e decidiu traduzi-lo para incorporá-lo na biblioteca real. Mandou então uma carta ao sumo sacerdote, solicitando a ele que mandasse rabinos para Alexandria a fim de traduzirem a Bíblia Hebraica – o nosso AT – para o grego.
O sumo sacerdote reuniu 70 ou 72 rabinos (há uma grande discussão histórica nesse dado) de grande saber e traduziu a Bíblia Hebraica.
Foi escrita em grego koiné, espécie de grego popular (dialeto). Vale ressaltar que esses rabinos que foram selecionados tinham profundo conhecimento da língua grega e hebraica, para se ter noção a língua grega contém cerca de um milhão de vocábulos e muito rica em expressões de âmbito filosófico, enquanto que a língua hebraica contém apenas 8 mil vocábulos e é rica em expressões de cunho espiritual, depreende-se então que os rabinos selecionados tinham saber vasto.
É bem provável que a septuaginta foi a Bíblia dos apóstolos, pois há muitas citações, especialmente de Paulo, do AT da LXX.


Hexápla
Feita por Orígenes, tinha por objetivo corrigir os erros cometidos pela septuaginta.
Escrita em seis línguas (por isso o nome hexápla, de hexa, seis), esses idiomas estavam dispostos em seis colunas.

Vulgata Latina
É a tradução das Escrituras Sagradas para o latim, feita por Jerônimo.
Foi a Bíblia da Idade Média, é a fonte das obras católicas para vários idiomas.

A tradução King James
Surgiu por causa da insatisfação dos cristãos puritanos contra os anglicanos e para sanar isso o Tiago, convocou 54 teólogos a fim de traduzirem novamente a Bíblia, entretanto, participaram da tradução apenas 47 teólogos.


Tradução Alemã
Feita por Marinho Lutero, em plenos anos reformistas. Tornou-se importante devido ao papel social e lingüística que esta tradução desempenhou. Uniu o idioma e deu origem ao alemão moderno.


Tradução de João Ferreira de Almeida
Realizou essa tradução em Jacarta, na atual Indonésia. A sua primeira tradução do Novo Testamento para o português, foi a partir do latim (vulgata latina); espanhol; francês e italiano. Entretanto, não satisfeito com essa tradução, iniciou a tradução da Bíblia novamente, dessa vez utilizando manuscritos e não traduções, dentre alguns manuscritos utilizado por Almeida podemos citar o Textus Receptus e o Codex Leningrandense.


A SBB, organização que controla a publicação de Bíblias do país, utiliza para tradução as seguintes fontes: AT – Stuttgartensia e o NT – The Greek New Testament.


A transliteração
Nada mais é do que, a transformação de letras em certos idiomas para letras equivalentes em outro idioma. Isso, para ajudar na melhor compreensão do texto.


Verdades e mentiras sobre a crítica bíblica
A crítica bíblica é de suma importância para o estudo sistemático das Sagradas Escrituras, pois é através dela que procura determinar o verdadeiro sentido da Bíblia.
A crítica bíblica, em si, é boa, todavia, quando utilizada por mentes céticas, com o objetivo de minar a fé, torna-se perniciosa.


A crítica bíblica propriamente dita
O termo crítica vem do grego kríno, significa literalmente julgar, determinar, discernir e testar. Quando relacionado a questões literárias, adquire o sentido de análise imparcial.
No sentido bíblico diz respeito à análise criteriosa e a investigação imparcial dos textos bíblicos a fim de emitir um juízo criterioso e equilibrado. Em suma, a crítica é uma ciência que procura chegar a uma conclusão satisfatória da origem, história e estado dos autógrafos.

Ela estuda:
As características históricas;
A questão que envolve a transmissão dos textos;
Os diferentes tipos de caligrafia;
Os tipos de materiais utilizados na redação;
O contexto das datas e dos eventos;
Os problemas de ordem lingüística, cultural e filosófica;
As idéias que caracterizaram cada período e influenciaram os autores.


Origem histórica e a realidade da crítica bíblica
A crítica bíblica tem suas raízes espalhadas nos tempos antigos. Alguns estudiosos a identificam na época dos saduceus e fariseus, quando estes “criticaram” as obras do AT a fim de constatarem se elas realmente eram inspiradas. Claro que esses grupos tinham métodos primitivos que nada se relacionam com a crítica atual e moderna, todavia, eles estudaram a finco para terem um resultado profundo e satisfatório do assunto.
Contudo, a origem da prática da crítica bíblica é datada do século XVIII, quando surge o racionalismo, que visava explicar tudo por meio da razão. É nessa época que os maiores pensadores cristãos começam a passar as Escrituras Sagradas em um criterioso processo.


Crítica Bíblica

Pode se dividir em dois: alta crítica e a baixa crítica.


Alta crítica
É do ponto de vista racional. Admite somente a razão. A alta crítica se divide em três: Crítica de Redação, Crítica de Forma e Crítica Literária, sendo essa última dividida em duas: Crítica de Fonte e Crítica de Histórica.


Ela preocupa-se em estudar:
Natureza do texto; forma; método; assuntos e argumentos; contexto histórico do autor e do receptor; autenticidade do texto; data e etc.


Crítica de Redação
Procura determinar o ponto de vista teológico do escritor.


Crítica da Forma
Estuda a razão que originou a formação dos livros do NT.


Crítica Literária
Analisam as palavras para compreender o sentido, bem como analisam a gramática e o estilo literário.


Crítica de Fonte
Acreditam que alguns livros tiveram várias fontes.


Crítica Histórica
Ocupa-se com o contexto histórico na qual o livro foi escrito. Quando o texto foi escrito? Onde foi escrito? Quem eram os destinários? São perguntas feitas por essa crítica.


Baixa Crítica
Preocupa-se com a confiabilidade do texto. Essa é a mais coerente, pois aceita a razão e a fé. O estudioso da baixa crítica se preocupa em obter textos autênticos e para isso utiliza métodos criteriosos.


Ela preocupa-se em estudar:
A natureza verbal e histórica e os vocábulos.


A alta Crítica e a hipótese documentária
Está intrinsecamente ligada a crítica de fonte. Tendo por base os mesmos preceitos.



Peço calorosamente aos leitores que perdoe os erros gramaticais e ortográficos existentes no texto, haja vista o curto período para a publicação de tal artigo.


Cordialmente,

Weder F. Moreira

Um comentário:

  1. Olá Weder

    Estou seguindo o teu blog, se desejar seguir o meu será um enorme prazer!!!!

    www.enoquegomesdossantos.blogspot.com

    Abraço

    Enoque Gomes

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